quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Vamos de citação

Fonte: Foto/Capa do livro Decerto o Deserto, de Cristina Bastos

           Neste post, quero citar uma autora em quem tenho me identificado muito.
       Não conheço a história de vida dela, mas, a julgar pelos versos que regaram "Decerto o Deserto", publicado pela Editora Iluminuras e que, agora, faz parte do meu desejum, temos uma mente deliberadamente astuciosa e incandescente. O que me leva a pensar que, talvez, e só talvez, tenhamos pensamento similares (às vezes).

"O que poeto
É um encontro.

De vez em quando
Sou minha;

Clara ou
Fugidia.

Às vezes conto
às vezes minto." 


         Sem mais... Deixo-vos com os versos dela.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Improvável

Fonte: http://2.bp.blogspot.com

Procuro estar sob lençóis
Que guardem minhas lágrimas em suas entranhas
Sob águas frescas que me matem a sede
Sem afogar minhas mágoas e curar minhas feridas
Gosto da dor que o fogo causa quando toca minha pele
Faz sentir a vida que a muito desconstruí
Gosto de me ver sangrar, sangrar palavras
Escorrer versos cegos e impassíveis sobre mim mesma
Desejo ardentemente que eles afoguem alguém, qualquer um

Procuro ver no escuro coisas que não procuro
Quero saber sem perguntar a ninguém
Quem sabe o que sinto mais que todos menos eu?
Me esconder de mim mesma é demasiado desafiador
Me mostro para o mundo para que ele próprio me esconda
O trabalho dos outros me parece mais competente
Confio nele
Critico cada passo fértil e infértil que dou na direção de lugar nenhum
Não sei o que digo, mas digo mesmo assim. Assim sangro.

Não tenho espelhos porque uso a fumaça
Para ver o que quero não preciso ver nada
Desconstruo tudo que já remontei mil vezes
Começo do zero cada vez que chego ao incontável
O incontestável não é real do lado de dentro
O lado de dentro mostra o que de fora pode ser visto. Claramente
Quem sabe o que sinto mais que todos menos eu?
Viver é chato morrer é cansativo então sangro
Sem deixar espaço para nada além do que chega e sai sem avisar

Não sei ser coisa alguma além do que sou sem saber
Desconstruo tudo que já remontei mil vezes
Gosto de olhar do alto o que vi nascer embaixo e hoje me olha nos olhos
Me desafio
Desisto com a fração de um raio. E enlouqueço
Gosto de não ter motivos e sair quando tudo parece dar certo
Questione-me (porque gosto do sabor da língua sem resposta)
Quem sabe mais que eu de tudo que sei sem saber de nada
Eu minto. Com a facilidade que um peixe voa e abocanha uma mosca que submerge tranquila

Não deixo rastros ou pistas ou faros
Sou translúcida e fácil
Dou a mim mesma a fama de ser indeterminável  inominável
Ninguém me reconstrói. Sou interminável
Faltam linhas mas nunca termino

Tudo errado

Fonte: www.fotolog.com


Te vejo
Me olho
Me olho
Te vejo
Te olho
Me vejo
Me olho
Te olho
...
Tudo errado

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O que são?

Fonte: Autora

O que há lá?
Terra ou mar?
Um tapete para andar
Um colchão pra mergulhar
Um apetrecho de Deus
Para nos fazer sonhar

O que são essas coisas?
Parecem pequenas moitas
Ou grandes ovelhas a solta
Um pasto vasto de algodão
Um mar fardado de sabão
Acho que sei o que são

Quem me dera observar
Ter a chance de deitar
Estender emoções várias
Sobre ondas imaginárias
Floquinhos de isopor
Soltas no meu torpor

Que som elas fazem?
Que cheiro elas têm?
Como chegaram aqui?
Para onde elas vão?
Como não caem no chão?
Acho que sei o que são

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

No fundo, lá no fundo...

Fonte: http://images.forwallpaper.com
No fundo, lá no fundo
Sempre esperei você dizer alguma coisa
Coisa qualquer que me abalasse
Coisa que sei que me abalaria
No fundo, lá no fundo
Sempre senti que você queria dizer
Que sentia o mesmo por mim
Que sentia por você
No fundo, lá no fundo
Foi isso que estragou tudo
Sentir estraga tudo
Quando sinto, sinto muito
E passo a não mais sentir

Ora, ora...
 

No fundo, lá no fundo
Eu gostaria que você dissesse
Mas não queria ouvir
Sabia que ouvir mudaria tudo
(E você vive dizendo que eu não sei de nada)
No fundo... eu sempre soube

 Como você disse
Num verso displicente
Que talvez não esperasse que eu ouvisse
Eu sempre faço isso
Esqueço sonhos. Fujo de sentir o que é real
E (usando suas palavras)
Abandono o amor
 
Mas isso não devia nos chocar tanto
Afinal
No fundo, lá no fundo
Nós dois sabíamos
Sabíamos que você acabaria dizendo
E disse, quando achou que estava pronto
Sabíamos que eu fugiria
E fugi, porque nunca estive pronta
Sabíamos que isso nos perseguiria pela vida toda
E persegue
Pelo menos a mim

Você viu a vontade que tive
De dizer que sentia o mesmo que você
Não precisei dizer
Você sabe ler meus olhos
E foi isso que nos matou
Não o dizer, mas o sentir
Eu não devia sentir nada

Assim, talvez assim
Você também não sentiria

 E ficaria tudo bem


No fundo, lá no fundo
Acabou ficando
Mas bem não é bem quando não faz bem
As coisas acabaram caminhando
Indo em frente como tem que ser
Mas o sentir (que é nosso problema)
Ainda está parado, lá
Nalgum lugar, na chuva
No frio... na neve que nunca vimos
Mas juramos servir um ao outro
Quando sentir frio não fosse um problema

No fundo, lá no fundo

Ainda sonho com o dia
Em que vamos retomar as palavras
E você não precisará mais de legendas
Diferente de antes, no meu sonho
Minha boca dirá o mesmo que meus olhos
E nada será um mistério para nós
Não vou sentir medo
Não vou fugir


Não me espere
Pode ir
No fundo, lá no fundo
Sabemos que nossa vida não termina assim
De longe
Acabaremos perto, tão perto que
No fundo, lá no fundo
Nunca teremos nos distanciado

terça-feira, 24 de junho de 2014

Estar só

Fonte: Autora


Estar só ultrapassa  o título de opção
Estar só é uma habilidade
Nem todas as pessoas são
Capazes de estarem sós
Todas são de estarem desacompanhadas
Mas nem todas de estarem
Sós
Estar só é mais
Que não ter ninguém a seu lado
É mais como não ter
Ninguém contigo
Contigo para o que der
Contigo para o que vier
Contigo, quando não se espera
Nada
Ter a habilidade de estar só
É para poucos e para
Algumas horas apenas
Não é bom estar só
Não é bom estar só sempre
É bom estar só quando é
Preciso estar só
E nem sempre é preciso
Estar só
Pode-se também
Estar sóEstando junto
Quando não ouvimos quase
Nada
Do que alguém que está
Ao nosso lado diz
Estamos sós com alguém
Isso é péssimo
É simQuando está alguém conosco
Esta espera que estejamos
Com ele
Ou ela
Se estamos sós
E ele (ou ela) conosco
Então estamos sós
Deixando sós alguém
Que não quer estar

Cruel
Sim
Estar só é bom
E é cruel
Imagine-se tu
Querendo estar comigo
E eu querendo estar só
Oh! Que grande dor lhe causaria
Lhe parece ruim então estar só
Mas se desejasses o silêncio
Meu silêncio
E minha companhia
Então desejarias estar comigo
Estando eu

Eu eu desejaria se fosse
Esse seu desejo
Estar só então
Para fazer ser teu desejo
De estar em silêncio
Desejaria eu estar só
Então estar só seria amor
Sim
Estar só é bom
É cruel
E é amor
Mas amor não é o
Estar em silêncio
Simplesmente
É abdicar de meus próprios desejos
Para que se cumpra o seu
Se tu
Porém
Desejasses meu silêncio
E eu
Também
O seu
Então não seria amor
Sim
Não seria
Seria sim desamor
Desamor não é ódio
Tão pouco crueldade
Desamor é desamor
É quando se deixa
Estar
Quando não se quer
No entanto se
Fica
Desamor é estar só
E deixar só sem quere
rEstar junto
Sim
Estar só é bom
É cruel
Também amor e
Ainda desamor
Estar só é
Uma porção de coisas
Dentre as quais há
Aquelas de que não se fala muito
Ou se fala nada
E que também estão só
Sós num poema
Que só quem poetizou sabe
E deixou só
Consigo mesmo
Estar só é ter a habilidade
De ter a si mesmo
E somente
Ser bom
Ser cruel
Ser amor
E ser desamor
Ser-se a si próprio
São habilidades de
Quem tem habilidade
De estar só

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pobres pedrinhas



Nem tudo é fácil.
Na verdade, nada é fácil. Mas, também, não tem que ser. Essa é a graça das coisas. Isso de a vida ser dificultosa é que a torna surpreendente.
Coisa meio cliché, concordo. Entretanto, olhe bem para você. Oque te diferencias das outras pessoas não são exatamente as dificuldades pelas quais passa diariamente? As coisas que já teve de enfrentar para chegar até aqui? Suas perspectivas e expectativas? Se não fossem todas essas dificuldades, você seria exatamente como os outros.
Se você estiver pensando "quem essa guria pensa que é para falar de vida aos 22 anos? Que ela sabe da vida?", te digo apenas que, sei nada da vida. Não da SUA vida, pelo menos. Mas vivi até aqui, estou viva há 22 anos e, cá entre nós, se em 22 anos eu não tiver aprendido alguma coisa, simplesmente não serei merecedora da vida que tenho.
Por que resolvi escrever sobre a vida? Por que sobre as dificuldades da vida?
Porque, ás vezes, enfrentamos sérios problemas de aceitação da própria vida e isso, na minha opinião, deve ser enfrentado.
Passamos por momentos em que, tudo que fizemos até então, parece não ter tido serventia nenhuma, parece não ter sido visto por ninguém. Ora, é sempre uma grande bobagem. Mas tendemos a esquecer as bobagens quando às reconhecemos.
Sou do time "Nunca Deixe Passar F.C." Detesto quando ouço as pessoas dizerem que isso ou aquilo vai passar e que fulano vai acabar esquecendo.
Oh! Que tragédia é o esquecimento.
Ele, na verdade, nem chega a ser real. Não como as pessoas imaginam. Sincera e verdadeiramente, nada é esquecido. As coisas tornam-se resolutas, imperceptíveis e ignoráveis, mas, de verdade, não são esquecidas. Até porque, a danadinha da vida não nos permite esse privilégio. De tempos em tempos ela fará a delicadeza de te lembrar certas coisa, que você jurava ter esquecido.
Ah! vida, vida, sua sem-vergonha.
Às vezes se mancomuna com o destino para nos fazer passar vergonha. É o famoso "cuspir para cima e cair na testa". ENCHEMOS a boca para dizer: "Cruzes! Aquela minha amiga está toda melosa, apaixonada e cheia de 'nhenhenhéns' com o namorado. Detesto isso. Coisa chata ficar falando com voz de bebê. Nunca farei essas coisas". Eis que surge o primeiro romance e, adivinhe: você chama ele de "fucucuxo linu di Malia". Ah! essa vida. Esse destino...
Mas não tenho a intenção de falar sobre as graças da vida, nem sobre como ela nos faz morrer de rir às vezes. Hoje não. Vim falar de como a vida nos faz chorar e sobre como eu acho que devemos lidar com esse aguaceiro.
Acho que devemos parar com essa coisa de "vai passar", ou "deixa para lá". Não! Por favor, não deixem para lá a vida de vocês. Se te faz chorar é porque, no fundo, tem alguma importância.
Ora, reconheço, obviamente, que é difícil lidar com as emoções calorosas que nos fazem chorar, principalmente quando envolvem alguém especial, ou um momento muito íntimo.
Mas, quando a poeira baixar, quando a sensação de poder respirar com seus próprios pulmões retornar, quando seu cérebro voltar a dirigir impulsos coerentes ao seu corpo burro, pense em tudo: refaça o trajeto com lucidez e avalie todas as pedras que chutou: quais serão necessárias para construir seu castelo, quais constituirão o foço em redor dele e quais podem continuar rolando "ao infinito e além".
Pobres pessoas burras esquecedoras. Não percebem? Esquecer suas lágrimas é esquecer suas próprias vidas. É deixar buracos em sua história.
Os ventos vêm, queridos. E esses buracos vão deixar ele passar. Passar para dentro e te fazer morrer de frio.
Frio do esquecimento. Que horror!
O pior, é que é um esquecimento falso. Lógico! Você se lembrará de seus esquecimentos no momento em que o frio te tocar. Lenta e ferozmente ele te lembrará de todos os fatos esquecidos.
Oh não, queridos. Não esqueçam suas vidas. Parem de deixar todas as pedras rolarem para longe. Agarrem-nas. Segurem-nas. Deixem-nas ficar. Usem-as. Pobres pedrinhas.
Se essas coisas te açoitam, se dói quando te atingem não as deixem para lá, queridos, resolvam-nas.
Hora ou outras as coisas voltam. Não se permita sofrer duas ou mais vezes pelo mesmo estalido de culpa.
Queridos, parem de esquecer. Parem!
Respirem, deixem o cérebro retomar a sanidade e RE SOL VAM.

Bom, isso é o que eu tenho para hoje.
Desculpem por não ser sucinta!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Nada de confusões para nós

Sinto que não te conheço mais

Estranho, não é? Quando amamos tanto alguém que preferimos fugir dele, a ter os sentimentos confundidos. Foi o que eu fiz: fugi.

Quero levar por toda a vida somente as certezas que tenho a seu respeito. Por isso impedi que as coisas continuassem "acontecendo". Quando o coração corre solto, acaba fazendo uma confusão danada.

Não! Nada de confusões para nós. Somente certezas, que tal?

Eu sei. Talvez tenha discordado de mim no princípio. Também, pudera, nunca nos explicamos.

Mas, hoje, que já não te conheço, sei que pode me entender. Afinal de contas, era o que você teria feito se tivesse mantido seus olhos abertos, se tivesse visto as cordas que eu vi, aquelas amarras de equívoco nos prendendo ao constrangimento de não nos reconhecermos mais.

Não, amigo (posso te chamar assim?), não estou sendo incoerente. Eu disse, veja bem, que não te conheço mais
Mas, sim, com toda a certeza, ainda te reconheço. Reconheceria em qualquer lugar do mundo. Aquele amigo que certa vez, sem dizer qualquer palavra, me disse uma porção de coisas.

Não te conheço porque parti. Que sei de ti para dizer que te conheço? Sei de antes, sei o suficiente para te reconhecer, mas sei apenas isto.

Quantas voltas o mundo já deu desde a última vez que contemplei sua sapiência?

Assim, não atrevo-me a dizer que te conheço, mas, digo a tudo que vejo, que não deixarei de te reconhecer.

Que bom que fui embora. Consegue imaginar a confusão que seria se eu tivesse ficado?

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Primeiro passo

Prometi um livro.

Há tempos prometo, a alguns de meus amigos, escrever um livro sobre as aventuras pelas quais passo todos os dias.
Bem, na verdade, "todos os dias" é um grande exagero. Como a vida de qualquer ser humano, a minha tem dias tão monótonos que mais parecem o ruminar da Mimosa.
Ainda sim, considerando que eu possa ser abduzida amanhã (não! eu não acredito em abdução), não quero ir aos ETs devendo um livro aos meus amigos.
Ora, não se atrevam a dizer que isso aqui não é um livro. Estamos no meio de uma grande revolução tecnológica. Ainda ontem eu sentia o cheiro de arroz com álcool do mimeógrafo e, hoje, cá estou, girando a manivela invisível várias vezes por segundo e produzindo com muito mais agilidade as mesmas letras de outrora. Sendo assim, poupe-me de seu amor pelas folhas, leia isso aqui e fique quieto.
Brincadeirinha, amigos.
Ok! Já perdi o foco. Como é que vou ser blogueira assim? Ainda bem que não é no mimeógrafo: quanto álcool eu já teria cheirado?
Ok! Perdi o foco outra vez. Céus!
Bom, o objetivo do livro/blog é fazer vocês rirem tanto, ou mais, do que riem das outras coisas que posto por aí.

Espero que gostem!

ETs, já posso ir com vocês. Missão cumprida.